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João e o déficit primário

O destaque do dia na maioria dos jornais foi o déficit primário pelo quarto mês consecutivo. Provavelmente (até por questões políticas, mas esta é outra face da mesma moeda), você ouvirá este assunto no rádio, no Jornal Nacional e no debate entre os presidenciáveis. Mas você tem ideia do que significa isso?! É simples e eu te explico.

Primeiramente, déficit significa, grosso modo, “negativo”. Em outras palavras, quando se tem um déficit significa que gastou-se mais do que tinha ou do que recebeu. A situação oposta é o superávit, que indica resultado positivo. O déficit primário ocorre quando o governo gastou mais do que arrecadou. É uma conta bem simples: receita menos despesa = resultado (se positivo, superávit; se negativo, déficit).

Entretanto, existem mais dois tipos de resultados que são acompanhados pelo governo: o nominal e o operacional . O nominal inclui na conta as dívidas passadas, para ser mais específico, os juros das dívidas passadas. Já o operacional é mais amplo e inclui na conta a correção monetária, correção cambial e variação patrimonial. Não vamos nos aprofundar muito nestes itens, pois fogem ao escopo desta pílula. Mas para ajudar a compreender melhor, vamos a um exemplo.

João é um gerente de uma rede de supermercados e seu salário é de 3 mil reais por mês. Ele costuma pegar ônibus todos os dias, mas como ele viu que estava sobrando uma graninha todo mês, decidiu comprar um carrinho para se locomover até o trabalho, levar a namorada para passear, etc. Ele foi até uma loja e fechou um negócio. Mas o que João não se atentou era que eventualmente ocorrem “imprevistos” e, para o azar de João, dois meses depois de comprar o carro um destes imprevistos aconteceu: um cano da casa estourou e ele não sabia arrumar.

Por conta disto, João precisou contratar os serviços de um encanador e comprar os materiais para o conserto. Para complicar um pouco mais, João não tinha o hábito de realizar poupança mesmo com sobrando uma graninha no final do mês e, por esta razão, começou a atrasar as parcelas do financiamento do carro, até que, algum tempo depois, o banco tomou seu carro e João voltou ao velho e já conhecido transporte público.

“Moral” da história: antes de comprar o carro, João tinha superávit primário todo mês, ou seja, o seu salário menos os gastos dava um resultado positivo. Depois que comprou o carro, o salário começou a não sobrar e, no primeiro imprevisto, passou a uma situação deficitária, ou seja, passou a dever. Esta pequena história funciona da mesma maneira para o governo: quando gasta demais, tem déficit primário, quando sobra, tem superávit primário.

Se não ficou claro, mande um e-mail para gente em contato@analiseeconomica.com.br que a gente te explica. Além disso, deixe um comentário abaixo e vamos discutir um pouco mais este assunto!