Brasil: confiança em leve alta, mas sinais de fraqueza persistem
As sondagens de setembro mostraram alta da confiança no comércio e nos serviços. Apesar da melhora, o movimento ainda não reverte a tendência de desaceleração.
No campo da inflação, o IGP-M avançou 0,42% em setembro, após +0,36% em agosto. O fim do “bônus de Itaipu” elevou o custo da energia, pressionando o índice.
O mercado de trabalho segue em patamar historicamente baixo de desemprego (5,6%), mas dá sinais de acomodação: foram criadas 147 mil vagas formais em agosto, abaixo das expectativas.
As contas públicas mostraram déficit primário de R$17,2 bilhões em agosto, mantendo a dívida bruta em 77,5% do PIB. Já no crédito, o efeito da taxa de juros elevada ficou evidente: as concessões recuaram 0,2% no mês, com queda mais acentuada para pessoas jurídicas (-2,3%).
Nos indicadores de atividade, contrastes: o PMI industrial teve a maior queda em 29 meses, aprofundando a contração. Por outro lado, a produção industrial surpreendeu positivamente, com crescimento de 0,8% em agosto frente a julho, bem acima da expectativa (+0,3%).
Cenário internacional: shutdown nos EUA e inflação contida na Europa
O destaque da semana foi o shutdown do governo americano, resultado do impasse no orçamento de 2026. Serviços não essenciais já foram paralisados.
Nos indicadores, os PMIs industriais dos EUA recuaram levemente (de 53 para 52 pontos), ainda em território de expansão. O mercado de trabalho, no entanto, trouxe sinais negativos: o relatório ADP apontou perda líquida de 32 mil vagas em setembro, contra expectativa de criação de 52 mil, enquanto a pesquisa JOLTS mostrou 7,2 milhões de postos de trabalho em aberto, estável na margem.
Na Europa, a inflação preliminar de setembro avançou apenas 0,1%, acumulando 2,2% em 12 meses — em linha com as projeções. Destaque para França, Espanha e Itália, que registraram fortes quedas de preços, surpreendendo pela intensidade do movimento deflacionário.
Em resumo
No Brasil, a economia segue em meio a contrastes: confiança melhora levemente, mas indústria, crédito e mercado de trabalho mostram fraqueza; ao mesmo tempo, a produção industrial surpreendeu positivamente. No exterior, os EUA enfrentam incerteza política com o shutdown e sinais de perda de fôlego no mercado de trabalho, enquanto a Europa convive com inflação baixa e pressões deflacionárias em grandes economias.