O Banco Central divulgou na última terça-feira (25) que o Brasil recebeu aproximadamente US$11 bilhões em investimentos internacionais produtivos em outubro, o maior volume para o mês desde 2011. O resultado sucede a forte entrada registrada em setembro, de cerca de US$10,7 bilhões.
Entre janeiro e outubro, o ingresso líquido de investimento direto no país alcançou US$74,3 bilhões, o maior montante para o período desde 2014. A magnitude das entradas observadas em setembro e outubro foi suficientemente relevante para eliminar a, até então, modesta e pouco preocupante divergência entre o fluxo de capital produtivo e os déficits em transações correntes.
Durante a apresentação dos dados, o diretor de estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, destacou que as duas contas (déficit em transações correntes e ingresso de capital produtivo IDP) agora se encontram equivalentes quando comparadas em proporção do PIB.
O resultado de outubro reforça o que temos dito há muito tempo: o Brasil continua na rota dos investidores internacionais.
Entendemos e anuímos às preocupações em relação à sustentabilidade das contas públicas no longo prazo. É essencial não apenas buscar o equilíbrio fiscal, mas também aprimorar a qualidade do gasto e avançar na reforma tributária, de modo a conferir maior progressividade a um sistema ainda burocrático, arcaico e desigual.
No entanto, concentrar-se apenas nos desafios domésticos e apostar sempre na dissolução da economia diante dos problemas e desafios que precisamos enfrentar, não parece à melor saída, embora tenha sido, comumente, a aposta majoritária dos agentes.
O ingresso de capital estrangeiro, por si só, não resolve a agenda fiscal nem corrige as distorções do regime tributário. Contudo, transmite uma mensagem clara ao mercado: o Brasil continua relevante e tende a fortalecer ainda mais essa posição caso mantenha a integridade de suas instituições.
Essa percepção de resiliência doméstica ganha ainda mais peso quando observada em conjunto com o cenário internacional, no qual mudanças estruturais e riscos crescentes têm redirecionado fluxos globais de capitais.
A elevação dos riscos geopolíticos, intensificada pelo comportamento imprevisível do presidente dos Estados Unidos, as sanções impostas à Rússia e as condições menos favoráveis enfrentadas por outras economias que tradicionalmente competem por capital internacional, acabam contribuindo para tornar o Brasil uma alternativa mais viável e rentável para o investimento estrangeiro.




