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BLOG DA AE

Retrospectiva da economia em 2025

O ano de 2025 foi marcado por elevada incerteza e volatilidade para a economia global.  No Fórum Econômico Mundial em Davos, líderes destacaram a urgência de “Colaboração para a Era Inteligente” frente à fragmentação geopolítica e aos crescentes riscos de conflitos e tensões comerciais.

No cenário externo, declarações do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, sobre tarifas e a implementação de barreiras elevadas — incluindo tarifas de até 50% sobre alguns produtos brasileiros a partir de julho — contribuíram para um ambiente de maior cautela nos mercados internacionais.

No Brasil, os dados macroeconômicos revelaram um quadro misto. Embora o crescimento da atividade tenha surpreendido positivamente no início do ano, a persistência da inflação levou o Banco Central a adotar uma das políticas monetárias mais restritivas em décadas. 

Com a taxa Selic alcançando 15% ao ano, a autoridade monetária buscou ancorar expectativas, mesmo diante de uma desaceleração gradual da economia no segundo semestre, refletida em retrações no IBC-Br e na saída do país do top 10 das maiores economias do mundo em termos de PIB em dólares.

Acompanhe nossa retrospectiva de 2025 e o que podemos extrair de tudo que ocorreu na economia esse ano.

Janeiro de 2025

O começo do ano foi marcado pelo debate global sobre o futuro da economia internacional, com o Fórum Econômico Mundial em Davos cujo tema central foi a “colaboração para a era inteligente”.

O Fórum destacou como as economias, empresas e governos poderiam cooperar em um ambiente cada vez mais marcado por rápidas transformações tecnológicas e desafios geopolíticos. A fragmentação social e econômica foi apontada como um dos principais riscos do ano.

No Brasil, o crescimento da atividade econômica surpreendeu positivamente. O IBC-Br registrou variação de +0,9%. Por outro lado, o Boletim Focus da última semana de janeiro mostrava que o mercado projetava que o IPCA ultrapassasse o teto da meta de inflação, alcançando 5,5% no final do ano.

O Copom mostrou preocupação com a inflação elevada e promoveu a quarta alta consecutiva da taxa Selic, elevando-a para 13,25% ao ano, enquanto o déficit primário de 2024 ficou em R$43 bilhões, abaixo da previsão de R$55,4 bilhões. 

Em um cenário internacional marcado por desafios e declarações de Donald Trump sobre tarifas, o dólar teve variações drásticas, com o pico de R$6,22 registrado em 2 de janeiro. No entanto, fechou o mês cotado a R$5,85, após a nona queda consecutiva e o menor valor em mais de dois meses.

No ambiente tecnológico, o ano começou com importantes anúncios no CES 2025 em Las Vegas, demonstrando como a tecnologia está cada vez mais integrada com inteligência artificial e aplicações reais.A Nvidia apresentou sua plataforma Cosmos de IA para treinar robôs e carros autônomos usando dados sintéticos, além dos chips RTX 50 Series e parcerias com a indústria automotiva. Essas inovações sinalizaram o avanço dos foundation models de IA e a fusão entre hardware e software inteligentes.

Fevereiro de 2025

O mês de fevereiro trouxe um ambiente econômico ainda permeado por incertezas no cenário internacional, especialmente diante da intensificação das tensões comerciais entre Estados Unidos e China. 

A adoção de novas tarifas e medidas retaliatórias reacendeu preocupações sobre a fragmentação das cadeias globais. O aumento da volatilidade reforçou a postura cautelosa dos investidores, sobretudo em relação a economias emergentes.

No Brasil, a atividade econômica manteve trajetória de expansão moderada no início de 2025. O IBC-Br registrou crescimento de 0,4% em fevereiro, sustentado principalmente pelo agro, que cresceu 5,6%. Já a produção industrial apresentou desempenho mais fraco, refletindo os efeitos defasados de juros elevados.

A inflação seguiu como um ponto de atenção relevante ao longo do mês. Prévias e leituras setoriais indicaram aceleração de preços em itens sensíveis, como educação e habitação, reforçando a cautela do Banco Central quanto ao ritmo de flexibilização da política monetária.

Por outro lado, fevereiro trouxe sinais positivos do setor externo brasileiro, com forte desempenho do turismo internacional. A entrada expressiva de divisas impulsionou o setor de serviços. O resultado reforçou a relevância do turismo como vetor de crescimento e geração de renda.

A agenda regulatória e de política tecnológica começou a ganhar foco global. Em várias frentes — especialmente na União Europeia — houve movimentos importantes para estabelecer normas de ética, segurança e transparência em IA, refletindo a preocupação com o uso responsável dessa tecnologia.

Março de 2025

Março continuou com o cenário global cauteloso e com dados econômicos mistos. Na zona do euro, a inflação anual foi estimada em 2,2%. Já nos EUA, as expectativas de inflação ainda estavam acima da meta. A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) projetou que o crescimento global se manteria em torno de 3,1%. 

As tensões comerciais continuaram influenciando o ambiente externo, com políticas tarifárias nos EUA e incertezas sobre acordos comerciais elevando o risco global. Isso afetou os fluxos de capital e elevou a volatilidade em mercados emergentes.

No Brasil, a atividade econômica mostrou sinais de expansão, com o IBC‑Br registrando alta de 0,80%. Esse resultado foi acompanhado por um desempenho industrial robusto, com a produção industrial crescendo 1,2% frente a fevereiro, a mais forte variação mensal desde junho de 2024. 

As vendas no varejo também tiveram desempenho sólido no mês, com o volume de vendas crescendo 0,8%, atingindo o maior nível da série histórica iniciada em 2000. Apesar do bom desempenho geral, alguns segmentos registraram queda na comparação anual.

Com as expectativas do mercado indicando que a inflação permaneceria acima do centro da meta, o Banco Central manteve sua postura cautelosa e optou por subir novamente a taxa Selic, passando para 14,25% ao ano. 

As perspectivas para os meses seguintes indicaram crescimento moderado, com serviços e consumo interno como principais vetores da atividade, embora setores industriais e agropecuários tenham mostrado desafios pontuais.

Abril de 2025

Em abril o cenário internacional ainda se mostrava desafiador, com projeções do FMI indicando crescimento global em torno de 2,8% para o ano – menor do que as projeções anteriores. Essa revisão foi uma das mais baixas desde a recuperação pós‑pandemia, destacando fragilidades nas economias. 

Tensões comerciais significativas persistiram no comércio e nas cadeias produtivas globais após a implementação de tarifas elevadas pelos EUA no início de abril. Essa decisão gerou volatilidade nos mercados acionários e ajustou expectativas de crescimento e investimento.

Já no cenário nacional, o IBC‑Br cresceu 0,16% em abril (com ajuste sazonal), superando a mediana das expectativas do mercado. A atividade acumulada em 12 meses ficou em 4,0%, apontando expansão ainda positiva, porém com menor dinamismo.

Setorialmente, a agropecuária caiu 0,87%, refletindo sazonalidade, enquanto a indústria recuou 1,11%, indicando fraqueza na produção, e serviços avançaram 0,40%, sustentando a atividade agregada. Esses padrões indicam  dificuldade diante de juros elevados e custos mais altos para os produtores e empresas. 

O IPCA manteve uma taxa elevada de 5,5% em 12 meses, uma das mais altas desde o início de 2023, com pressões em grupos como alimentação e habitação compensando alívio em transportes. Esse dado reforçou a expectativa de manutenção de uma política monetária mais restritiva por parte do Banco Central. 

O setor externo brasileiro apresentou desempenho firme, com exportações sustentadas por commodities como minério de ferro, soja e petróleo, ajudando a balança comercial a manter superávit. O ingresso de divisas contribuiu para uma relativa estabilidade do real frente ao dólar ao longo do mês, apesar de oscilações relacionadas à volatilidade global.

No mês de abril ainda vimos avanços em computação quântica e chips AI correlacionados à necessidade de mais poder de processamento e eficiência energética — um sinal de que IA está acelerando toda a infraestrutura tecnológica global.

Maio de 2025

No mês de maio, o mercado financeiro elevou a projeção de crescimento da economia brasileira para 2,18%. A expectativa também sinalizou redução da inflação projetada, de 5,46% para 5,44%, refletindo revisões nas condições de demanda e preços. 

O IBC‑Br mostrou recuperação, mas registrou retração marginal de 0,06% na comparação com abril, frustrando expectativas de estabilidade ou leve alta. O recuo refletiu efeitos de juros elevados, crédito restritivo e incertezas externas que afetaram a confiança de empresas e consumidores.

Mesmo com a queda mensal, o IBC‑Br manteve tendência positiva no acumulado dos últimos 12 meses (3,94%), sustentado por consumo interno e serviços. A agropecuária contribuiu para o desempenho agregado, enquanto a indústria apresentou crescimento modesto.

O IPCA projetado permaneceu acima do centro da meta, concentrando a atenção do Banco Central. Itens de alimentação e serviços pressionaram o índice, e a moderação em subitens não foi suficiente para deslocar a inflação para patamares abaixo do teto da meta, reforçando o foco na gestão da demanda.

No comércio exterior, as exportações brasileiras mantiveram fluxos sólidos, impulsionadas por preços relativamente firmes de commodities. No cenário internacional, tensões comerciais e decisões de política monetária em economias avançadas influenciaram fluxos de capital e afetaram o clima de investimento no Brasil.

As discussões sobre política econômica no país ganharam maior destaque, com análises setoriais ressaltando os efeitos da política monetária restritiva e a necessidade de ajustes fiscais e estruturais. As perspectivas para o segundo semestre apontaram crescimento moderado.

O Google I/O 2025 apresentou atualizações massivas em IA e ferramentas para desenvolvedores, incluindo recursos multimodais da família Gemini e integração a produtos Android. Empresas de telecomunicações e startups focaram em IA multimodal e agentes inteligentes, reforçando a tendência de automação contextual em aplicações práticas.

Junho de 2025

Na metade do ano, o IBC‑Br recuou 0,06% em junho na comparação com maio. Apesar disso, o acumulado em 12 meses manteve-se positivo em 3,9%, indicando crescimento moderado. O resultado ainda refletia  os juros elevados e crédito restritivo.

Ao analisar por setor, a agropecuária caiu 2,27%, pressionada por menores safras de milho e soja, enquanto a indústria apresentou leve retração de 0,08%. O setor de serviços cresceu 0,10%, sustentando parcialmente a atividade econômica. 

No campo da inflação, o IPCA de junho foi de 0,24%, a menor variação mensal do ano, impulsionada pela queda de preços de alimentos. Entretanto, o acumulado em 12 meses ficou em 5,35%, acima do teto da meta do Conselho Monetário Nacional.

Com a inflação acima da meta, o Banco Central subiu novamente a taxa de juros, que passou para o patamar de 15% ao ano, a maior em quase 20 anos.

Na esfera internacional, o Federal Reserve (Fed) dos EUA continuou a sinalizar uma política de juros altos por mais tempo, com expectativas de apenas alguns cortes nas taxas no restante do ano, o que impactou o cenário internacional.

Bancos centrais na Europa, como o Banco da Inglaterra e o Banco da Suíça, também tomaram decisões de política monetária, com mercados europeus fechando majoritariamente em queda em reação a essas e outras preocupações

A principal notícia do mês de julho foi a decisão dos Estados Unidos de impor tarifas adicionais de 40%, totalizando 50%, sobre uma série de produtos brasileiros. A decisão gerou grande instabilidade nos mercados e preocupação entre os exportadores. Outros países também foram alvo de novas tarifas.

Apesar disso, o Brasil registrou avanço gradual da economia, com o IBC‑Br registrando crescimento de 0,2%, enquanto o acumulado em 12 meses permaneceu em 3,8%. Esse desempenho moderado sinalizou continuidade da recuperação econômica no segundo semestre de 2025.

No setor industrial, a produção manteve estabilidade, enquanto a agropecuária recuou 0,5%, impactada por menores safras de milho e soja. Serviços continuaram crescendo levemente, sustentando a atividade agregada. 

A inflação apresentou desaceleração em julho, com o IPCA registrando 0,21%, porém o acumulado em 12 meses permaneceu em 5,30%, acima do centro da meta. Itens como serviços e habitação ainda pressionaram o índice.

No comércio exterior, as exportações de commodities, especialmente minério de ferro e petróleo, sustentaram a balança comercial. O dólar encerrou julho cotado a R$5,60. O turismo internacional também apresentou resultados positivos.

A OCDE rebaixou sua previsão de crescimento global, indicando uma desaceleração econômica mundial em 2025 devido às incertezas políticas e barreiras comerciais.

Com a corrida da IA, a Nvidia se tornou a primeira  empresa de capital aberto no mundo a atingir US$4 trilhões em valor de mercado. Ainda no finalzinho do mês, a Microsoft alcançou esse marco, tornando-se a segunda empresa de capital aberto a superar os US$4 tri.

Agosto de 2025

Novas tarifas específicas dos EUA para mais de 90 economias, incluindo a Índia, entraram em vigor em 7 de agosto, moderando a incerteza, mas levantando preocupações sobre seus impactos na inflação e na demanda do consumidor.

Um relatório de mercado de trabalho mais fraco do que o esperado no início do mês e declarações do presidente Fed, Jerome Powell, no Simpósio de Jackson Hole, aumentaram as expectativas de um possível corte nas taxas de juros em setembro. Os rendimentos dos títulos do governo dos EUA diminuíram.

A inflação nos EUA acelerou ligeiramente para 2,9% em agosto, enquanto a da zona do euro aumentou marginalmente, mas permaneceu próxima da meta do BCE. No Reino Unido, a inflação continuou a ser uma preocupação, com pressões de alta nos preços de alimentos e energia.

No Brasil, a atividade econômica manteve crescimento contido, sustentada pelo setor de serviços e consumo interno. A produção industrial apresentou leve oscilação, refletindo efeitos defasados de juros elevados e custos mais altos, enquanto a agropecuária enfrentou desafios sazonais.

A inflação seguiu sob monitoramento do Banco Central, com expectativas de manutenção do IPCA dentro de patamar controlado, embora pressões em serviços e alimentos tenham demandado atenção. Analistas reforçaram a necessidade de cautela antes de qualquer flexibilização da taxa Selic.

O setor externo brasileiro continuou apresentando desempenho sólido, com exportações de commodities e turismo internacional sustentando a balança comercial. O ingresso de divisas contribuiu para estabilidade relativa do real, que registrou variações moderadas frente ao dólar ao longo do mês.

Setembro de 2025

Em setembro, o Fed realizou um corte na taxa de juros de 25 pontos-base, em resposta ao enfraquecimento do mercado de trabalho, enquanto o Banco Central Europeu manteve suas taxas, indicando que seu ciclo de corte de juros poderia ter chegado ao fim.

Apesar das preocupações com a economia real, os mercados de ações, especialmente nos EUA e em mercados emergentes, registraram ganhos sólidos. O otimismo em torno da inteligência artificial continuou a impulsionar as ações de tecnologia, embora alguns analistas alertassem para uma possível bolha de ativos.

Os preços do petróleo bruto caíram devido à ampla oferta global. Em contraste, os preços do ouro atingiram um novo recorde histórico, impulsionados pela demanda por refúgio seguro em meio às incertezas geopolíticas e expectativas de cortes de juros nos EUA.

No plano doméstico, o IBC‑Br registrou queda de 0,20% em setembro, superando a expectativa de retração mais leve do mercado e confirmando uma desaceleração da atividade econômica. O resultado ampliou a tendência de perda de ritmo observada ao longo do terceiro trimestre, com impacto negativo em indústria e serviços, apesar de alguma contribuição positiva da agropecuária. 

O IPCA acelerou para 0,48% em setembro, ficando abaixo das projeções de mercado. O resultado reforçou que pressões inflacionárias permaneceram presentes, especialmente em grupos como habitação e energia residencial. 

O mercado de trabalho esfriou, com a criação de novos empregos formais ficando abaixo do esperado para o mês de agosto – o pior resultado para o mês desde 2020.No campo tecnológico, smart glasses e wearables, como o Meta Glasses, com IA nativa, se aproximaram da adoção em massa, trazendo funcionalidades mais intuitivas e integradas ao cotidiano.


Outubro de 2025

A paralisação do governo federal dos EUA em outubro impediu a divulgação de dados econômicos federais cruciais, como o relatório de empregos. Isso forçou os mercados a dependerem de dados privados e qualitativos, resultando em maior insegurança e volatilidade nos mercados financeiros.

Diante da incerteza causada pelo shutdown e pela pressão inflacionária em algumas regiões, o mercado reavaliou as expectativas para as taxas de juros. Houve discussões indicando que o Fed poderia manter as taxas de juros, contrariando expectativas anteriores de um possível corte em dezembro.

Outubro mostrou sinais claros de desaceleração da atividade econômica no Brasil, com o IBC‑Br recuando 0,25% na comparação dessazonalizada com setembro, resultado abaixo das expectativas de mercado e indicando perda de tração, sobretudo em indústria e serviços. Esse recuo representou o segundo mês consecutivo de queda do indicador e evidenciou efeitos persistentes da política monetária restritiva no crescimento. 

A inflação oficial no Brasil seguiu em trajetória moderada, com dados pré‑oficiais como o IPCA‑15 de outubro registrando 0,18%, abaixo do esperado e sugerindo início de arrefecimento das pressões de preços. Esse resultado contribuiu para a manutenção da inflação acumulada em 12 meses em patamar mais próximo do centro da meta. 

O Fundo Monetário Internacional divulgou suas perspectivas da economia mundial em outubro, onde melhorou ligeiramente sua projeção de crescimento global  para 3,2%, citando condições financeiras mais favoráveis e acordos comerciais recentes que atenuaram os efeitos de tarifas anteriores. No entanto, alertou para o risco de uma maior desaceleração se as tensões comerciais aumentassem.

Em contraste com o cenário global instável, a economia brasileira apresentou sinais de resiliência, com o FMI melhorando a projeção de crescimento do PIB para o país em 2025 para 2,4%. No entanto, projeções indicaram que o Brasil sairia do top 10 das maiores economias do mundo, sendo ultrapassado pela Rússia, considerando o PIB em dólares.

Com a corrida da IA e o lançamento de seus novos aparelhos, a Apple viu suas vendas dispararem e atingiu US$4 trilhões em valor de mercado, se juntando a Nvidia e Microsoft.

Novembro de 2025

Novembro foi marcado pelo retorno da inflação brasileira ao limite da meta após meses de leituras acima do teto, com o IPCA registrando alta de 0,18% no mês e acumulado de 4,46% em 12 meses, menor nível desde 2018 para novembro e abaixo das expectativas de alguns analistas de mercado.

O movimento refletiu desaceleração de preços em alimentos e habitação, embora serviços ainda pressionassem o índice. O resultado sugeriu que as pressões inflacionárias domésticas continuavam em trajetória de arrefecimento, reforçando debates sobre possível início de ajuste na política monetária. 

As expectativas do mercado continuaram refletidas no Boletim Focus, que manteve projeções de crescimento ao redor de 2,16% para o PIB em 2025, com Selic projetada estável ao final do ano e câmbio com leve tendência de apreciação, sinalizando confiança moderada dos investidores.

No cenário econômico internacional, a cúpula do G20 em Joanesburgo reuniu líderes globais em 22 e 23 de novembro, com discussões sobre sustentabilidade, comércio e coordenação macroeconômica. Esse encontro foi importante para articular respostas a desafios comuns, como inflação global moderada e tensões comerciais persistentes. 

Apesar das discussões, a inflação global continuou a moderar na maioria das regiões, mas permaneceu acima da meta em alguns países, notavelmente nos Estados Unidos. Os dados do mercado de trabalho americano e o sentimento do consumidor apoiaram apostas em cortes de taxas pelo Fed. Vários bancos centrais, incluindo o Fed, iniciaram ou continuaram seus ciclos de flexibilização monetária no segundo semestre do ano.

As projeções de crescimento global para 2025 foram ligeiramente revistas para cima, refletindo uma demanda doméstica mais resiliente do que o esperado e um maior estímulo fiscal nos EUA e na China, respectivamente. No entanto, a perspectiva geral permanece moderada em comparação com os níveis pré-pandemia.

A Alphabet também alcançou o clube dos 4 trilhões e conseguiu transformar seu negócio de computação em nuvem em um importante impulsionador de crescimento. O desempenho atraiu a Berkshire Hathaway de Warren Buffett como investidora e obteve boas críticas iniciais para seu novo modelo Gemini 3.

Dezembro de 2025

Em dezembro, a inflação oficial no Brasil continuou em trajetória de desaceleração, com projeções do mercado financeiro reduzindo a estimativa do IPCA para cerca de 4,36% em 2025, alcançando o limite superior da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. Essa revisão foi divulgada pelo boletim Focus, refletindo leituras mais amenas de preços e expectativas mais contidas para o final do ano. 

O resultado acumulado de inflação em 12 meses ficou em aproximadamente 4,46%, abaixo de leituras anteriores e indicando que pressões de preços perderam força em diversos grupos, especialmente alimentos e itens administrados. A inflação mais controlada reforçou a percepção de que o ciclo de alta de preços estava se encerrando.

O Brasil saiu do ranking das dez maiores economias do mundo em 2025, ficando na 11ª posição, segundo projeções do FMI de outubro. O PIB brasileiro registrou nova desaceleração no terceiro trimestre de 2025, crescendo apenas 0,1%.

O Banco Central do Brasil manteve a taxa Selic em 15%, mantendo opções de política monetária em aberto e destacando a necessidade de avaliação contínua dos dados antes de qualquer sinalização de redução de juros. A autoridade ressaltou que não havia compromisso prévio com cortes imediatos, apesar de expectativas de que eles possam ocorrer no início de 2026. 

Os mercados ficaram atentos às ações dos bancos centrais. O Fed havia cortado as taxas de juros no início de dezembro, mas sinalizou um caminho cauteloso a seguir, enquanto o BoE se preparava para sua própria decisão, e o Japão considerava aumentar as taxas. A inflação nos EUA permaneceu uma preocupação, com a inflação de serviços persistente.

O ano tende a fechar com IA sendo incorporada em produtos cotidianos e serviços (voz, casa conectada, assistência pessoal) e com aumentos contínuos no investimento e expansão de modelos e capacidades. (sinais de acordos e roadmap para 2026 são fortes).

Quais lições podemos tirar desse ano?

Depois de um ano marcado por forte volatilidade, mudanças rápidas no cenário global e decisões econômicas difíceis, 2025 deixou aprendizados valiosos para empresas e lideranças. 

As tensões geopolíticas, o custo elevado do capital, a desaceleração gradual da atividade e o avanço acelerado da tecnologia — especialmente da inteligência artificial — exigiram mais disciplina estratégica, leitura de cenários e capacidade de adaptação. 

As cinco lições a seguir sintetizam os principais aprendizados econômicos e tecnológicos de 2025 e ajudam a orientar decisões de negócio em um ambiente cada vez mais incerto e competitivo.

  1. Volatilidade virou “novo normal”: tarifas, tensões geopolíticas e ruídos políticos (EUA/China, Trump) mexeram com câmbio, confiança e cadeias globais. Lição: trabalhar com cenários (base/otimista/pessimista), planos de contingência e diversificação de fornecedores/mercados.
  2. Custo do capital manda na estratégia: com Selic a 15%, crédito e investimento ficaram mais caros e seletivos. Lição: priorizar projetos com retorno rápido, reforçar gestão de caixa, renegociar prazos e revisar preços/margens com disciplina.
  3. Crescimento pode coexistir com fragilidades: o ano começou forte (IBC-Br), mas perdeu fôlego no 2º semestre. Lição: não “comprar” um único indicador; acompanhar painel completo (demanda, inflação, crédito, emprego, câmbio) e ajustar planos com cadência mensal.
  4. Setor externo e câmbio são riscos e oportunidades: commodities, turismo e fluxo de divisas ajudaram, enquanto o dólar oscilou forte. Lição: empresas expostas ao exterior precisam de política de hedge, cláusulas de repasse e estratégia comercial que aproveite janelas de competitividade.
  5. Tecnologia (especialmente IA) deixou de ser acessório e virou infraestrutura: de RTX 50 / Nvidia Cosmos e Gemini/Google I/O a IA em wearables e a corrida de big techs a US$4 tri, a IA acelerou produtividade e competição. Lição: adotar IA com governança (dados, segurança, compliance), focar em casos de uso com ROI e preparar o time para automação e requalificação contínua.

2025 foi um ano repleto de novidades e mudanças e 2026 deve ser ainda mais agitado. 

Esteja preparado(a) para os desafios que virão: conte com a Análise Econômica!

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