No post anterior em que introduzimos o assunto, dissemos que o Indicador é um direcional, um guia-orientador e, de certa forma, um facilitador em nossas vidas. Pensemos, portanto, num indicador como uma bússola, nos auxiliando a encontrar a direção.
Quando se trata de economia, os indicadores são fundamentais para sabermos se estamos no caminho certo. Talvez um dos indicadores mais importantes e mais falados no nosso dia-a-dia são os indicadores de preços, também conhecidos como índices de preços.
Na verdade há uma pequena diferença entre indicadores e índices. Os indicadores são números absolutos (no caso de preços, geralmente em reais, dólares etc). Já os índices, são números relativos, ou seja, variações percentuais a partir de uma base escolhida. De qualquer maneira, indicadores e índices são direcionadores.
Um índice de preços é uma média da variação dos preços de uma determinada cesta de produtos ou serviços consumidos pela população.
No Brasil, diversas instituições calculam índices de preços, mas certamente os mais divulgados são os avaliados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE e pela Fundação Getúlio Vargas – FGV.
Índices da FGV
O principal indicador de preços da FGV é o Índice Geral de Preços – IGP. Ele foi concebido em 1940 como um indicador abrangente de variação de preços. De acordo com a própria FGV, “entendia-se por abrangente um índice que englobasse não apenas diferentes atividades, como também etapas distintas do processo produtivo”.
Nesse sentido, o cálculo do IGP considera outros três índices, com pesos distintos, em sua composição:
– 60% para o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA),
– 30% para o Índice de Preços ao Consumidor (IPC),
– 10% para o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC).
A partir dessa composição, o IGP consegue mapear diversos setores da economia, como indústria, construção civil, agricultura, comércio varejista e serviços prestados às famílias.
O IGP também é utilizado como indicador da evolução do nível geral dos preços da economia, portanto trata-se de um indicador macroeconômico; é utilizado como referência para verificar a variação real, por exemplo, da receita tributária (arrecadação do governo), ou o consumo intermediário (de bens que compõe a produção de outros bens, como parafusos para eletrodomésticos etc.). Ou seja, ao analisar o consumo intermediário utiliza-se o IGP, para anular o efeito da variação de preços e verificar a flutuação da produção ou da demanda do produto; e é usado como referência para a correção de preços e valores contratuais, como aluguéis, dívidas do Estado e contratos de fornecimento de energia elétrica.
Índices do IBGE
Desde 1979 o IBGE apresenta mensalmente o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA. Seu cálculo é feito a partir da coleta mensal dos preços em estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, concessionárias de serviços públicos e domicílios (para levantamento de aluguel e condomínio).
O IPCA abrange as famílias com rendimentos mensais compreendidos entre um e 40 salários-mínimos, qualquer que seja a fonte de rendimentos, e residentes nas áreas urbanas das regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Vitória e Porto Alegre, Brasília além dos municípios de Goiânia e Campo Grande.
Desde junho de 1999 é o índice utilizado pelo Banco Central do Brasil para o acompanhamento dos objetivos estabelecidos no “sistema de metas de inflação”, sendo considerado o índice oficial de preços do país.
Considerações finais
Diversos outros índices de preços são calculados pelas mais diversas instituições. O que é importante ressaltar é que esses indicadores econômicos são calculados para fornecer parâmetros de como estão os preços da economia.
Como foi explicado, o IPCA é utilizado como índice oficial de preços no país para atender ao chamado “sistema de metas de inflação”. Ou seja, se o IPCA apontar para uma alta muito forte dos preços, o governo (assim como os demais agentes da economia) precisa atuar de alguma forma para que os preços se normalizem.
Os indicadores de preços também são utilizados como parâmetros para as principais aplicações financeiras, como poupança, títulos públicos e outras modalidades. O rendimento da poupança, por exemplo, repõe a inflação. Já alguns títulos públicos remuneram a partir da inflação esperada. E muitas outras aplicações utilizam a inflação como principal parâmetro de rentabilidade, com a meta de “render acima da inflação”.
No nosso dia-a-dia esses índices também são importantes para que possamos organizar nossos gastos, nossas aplicações, nosso orçamento de modo geral.
O que é necessário termos em mente é que não devemos nos tornar reféns dos indicadores. Eles apontam uma direção, o que é muito importante para nossa organização e tomada de decisão. Mas eles são apenas indicadores, ou seja, reflexo de uma parcela da realidade que está sendo analisada. É importante olhar para outros indicadores para ter uma noção mais ampla da realidade e das perspectivas que nos aguardam.
Falaremos mais sobre outros indicadores econômicos em breve.
Para saber mais
Indicadores de Preços (FGV) – http://bit.ly/1F7XFak
Indicadores de Preços (IBGE) – http://bit.ly/1fkvYkV
Créditos da imagem
Compras no mercado – http://bit.ly/1bQdnwu