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Custo da mão de obra ou porque um carro é tão caro aqui no Brasil

Muito se fala sobre o preços dos bens duráveis no Brasil (carros, geladeiras, fogões, etc.), e como se sabe, todos dizem aos quatro ventos que tudo é caro por aqui. A ideia nesta pílula é apresentar alguns pontos relacionados e desenvolver melhor o assunto ao decorrer das próximas semanas. Hoje, nos jornais Folha de SP e Estado de SP, foi divulgada uma lista elaborada pela consultoria Jato Dynamics, especializada em informações da indústria automotiva, que apresenta os modelos de carros mais baratos do mundo.

No Estadão há uma lista mais extensa, já na Folha eles relacionaram os 10 carros mais baratos. Dentre eles, o que mais chama a atenção é o Chery IQ (aqui no Brasil conhecido como Chery QQ). O preço deste compacto convertido em reais custa, no nosso vizinho Chile, a módica quantia de R$ 13.614, enquanto aqui no Brasil ele é comercializado por aproximadamente R$ 23.990.

Um outro exemplo é o Nissan Versa, sedã médio que, nos Estados Unidos custa aproximadamente R$ 26.900, no Canadá custa por volta de R$ 30.967 e no Brasil, ele não sai por menos de R$ 38.600. As diferenças podem, eventualmente, assustar e nos propõe refletir sobre o porquê desses preços. Por ora, somente para apresentar o assunto, vamos focar em uma questão mais pertinente: a mão de obra.

A empresa Chery é chinesa, a Nissan é japonesa e, em ambos os países, as leis trabalhistas são muito mais flexíveis do que no Brasil. Mesmo nos Estados Unidos e Canadá, há uma flexibilização do trabalho muito maior do que aqui no Brasil. Um bom exemplo é o cálculo do salário: enquanto no Estados Unidos, por exemplo, paga-se por hora, aqui no Brasil o pagamento é feito ao mês. Essa diferença no cálculo permite que o custo envolvido na produção do carro em outros países seja mais baixo.

Pense comigo: vamos supor que somente a mão de obra seja o custo (ceteris paribus, lembra?), então, no Brasil, se o salário mensal do operário é de R$ 5.000 e ele produz cinco carros, cada carro terá um custo de R$ 1.000; entretanto, quantas horas ele gastou para fazer cada um destes carros? Essa é uma pergunta relevante, pois veja: por lei, trabalhamos por volta de 176 horas em um mês (44 horas semanais), e considerando um salário mensal de R$ 5.000, o operário receberia por volta de R$ 28,41 por hora. Se ele gasta somente 10 horas em cada carro, o custo com a produção de cada um seria de R$ 284,10, pouco mais de um terço do custo, considerando um salário mensal.Pode parecer confuso ou até mesmo excessivamente simplista, mas o fato é que a flexibilização da mão de obra em outros países reduz bastante o custo dos produtos que são comercializados no exterior.

Para fechar: o objetivo desta nota é introduzir esta reflexão; sabemos que existem diversos outros fatores, dentre os quais tributos, matéria prima, capital, margem de lucros, etc., e buscaremos analisá-los mais atentamente. Mas o fato de citarmos a mão de obra como componente da formação de preço é útil para pensarmos o seguinte: até que ponto é saudável (tanto para a economia quanto para os trabalhadores) manter salários extremamente flexíveis ou, em contrapartida, manter salários mais rígidos?

Nas próximas semanas, retomaremos este assunto.

Qualquer dúvida, crítica ou sugestão, mande um e-mail para nós em contato@analiseeconomica.com.br ou deixe um comentário abaixo!

Para saber mais:
Veja os carros mais baratos do mundo – http://bit.ly/1yAuBrK
Carro novo mais barato do mundo custa R$ 5.232,00 – http://bit.ly/17ekGfh
Nissan Versa – http://bit.ly/1Bjb2Fw

Créditos da imagem: http://bit.ly/1E25YoA

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