Por Márcio Durigan
As discussões sobre o momento político do Brasil virou um embate quase que clubístico. Ao invés de debates sobre reformas, renovação de ideias, caminhos para retomada de desenvolvimento, o que vemos nas mídias e nas ruas parece conversa entre torcedores de futebol. Flamengo x Vasco, Corínthians x Palmeiras, Atlético x Cruzeiro…
São tucanos derramando ódio por petistas. São petistas invertendo o rastilho e acendendo o pavio. São declarados conservadores, direitistas, ortodoxos, xingando socialistas, comunistas, esquerdistas, e recebendo ovos recheados de ofensas e ameaças.
E as propostas? Por aqueles que defendem o PSDB: volta da ditadura militar (há quem defenda democracia militar, seja lá o que for isso), pena de morte — pelo menos para Dilma, Lula e todos militantes do PT — impeachment, novas eleições etc.
Para os petistas: “lembrem que FHC pagou US$ 200 mil para cada deputado aprovar a reeleição presidencial, Aécio também recebeu propinas, trensalão ninguém investiga” etc.
Nosso debate político hoje é bicromático: azul ou vermelho. Poderia ser York x Lancaster [1] ou Montecchio x Capuleto [2] ou Grêmio x Internacional.
Não há conteúdo, apenas lamúrias ou rogação de pragas.
Não pretendo aqui lançar mão de um discurso de Poliana [3], e querer que todos se abracem, se chamem de irmãos. Pelo contrário, gostaria que o discurso apresentado fosse mais adulto, voltado para as reais necessidades do país.
Blasfêmias, egoísmo, ódio, luta pelo poder, não aceleram qualquer processo de retomada de crescimento econômico e social de que tanto o Brasil necessita nesse momento.
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Notas
[1] Casas da dinastia inglesa do século 15, que deram origem à Guerra das Rosas.
[2] Famílias rivais retratadas em “Romeu e Julieta”, de Shakespeare.
[3] Personagem título de romance do início do século 20, de Eleanor Porter.
Créditos da imagem – http://bit.ly/1Nw0KaE