Por André Galhardo Fernandes, economista-chefe da Análise Econômica
O Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) divulgou na última quinta-feira (1/2/18), o resultado da balança comercial brasileira. O resultado refere-se ao mês de janeiro de 2018.
Segundo o MDIC, o saldo de janeiro foi positivo em US$ 2,77 bilhões, ante US$ 4,99 bilhões do mês de dezembro. Em janeiro de 2017, por sua vez, o saldo comercial foi de US$ US$ 2,72 bilhões.
Em valores nominais, o resultado do primeiro mês de 2018 é o mais elevado para meses de janeiro desde 2006 – quando o saldo foi de US$ 2,84 bilhões.
É importante observar que o número positivo de janeiro foi construído mesmo com as exportações totais no mês terem recuado 6,5% na comparação com a média dos últimos doze meses.
E foi nas importações que encontramos um importante destaque. Com US$ 14,2 bilhões, o montante total importante em valores nominais foi o mais elevado desde julho de 2015.
Nos últimos dias houve alguma valorização do real frente ao dólar. Isso certamente influenciou o resultado das importações de janeiro. Contudo, dada a incipiente melhora da atividade econômica nacional, parece que esse aumento está mais relacionado ao aumento dos negócios. Isso demonstra que o Brasil pode ter começado o ano de 2018 com o pé direito.
Outro ponto de destaque na informação do MDIC foi o volume total exportado e o preço das exportações. Das 24 commodities mais negociadas no mercado brasileiro, apenas 8 apresentaram aumento na comparação com o mês de dezembro.
Mesmo com o comportamento turbulento no setor de bens primários foi justamente neste segmento que as exportações apresentaram o melhor resultado.
O que esperar?
O mundo aguarda ansioso pelo caminho que tomará a economia dos Estados Unidos após a ampla reforma tributária empreendida por Trump.
Além disso, já se foram 15% de desvalorização do dólar frente ao Euro. E, importante observar, o dólar vem perdendo força frente a outras moedas importantes no jogo político global. Como exemplo, o Yuan chinês, o Yen japonês e o Real brasileiro.
A atividade econômica dos EUA e a recente guerra cambial devem trazer algum arrefecimento nos negócios do Brasil com o mundo. Isso porque esperamos crescimento da atividade econômica local, o que, com o dólar mais barato, deve aumentar importações .
Essa perspectiva pode ser anulada, em parte, caso a China continue mostrando algum vigor nas suas variáveis macroeconômicas mais importantes. É ano de incerteza no setor externo para o Brasil.