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Consciência Negra: o olhar de economistas negros sobre o futuro da economia brasileira

A Consciência Negra é mais do que uma data simbólica — é uma oportunidade para refletir sobre como a desigualdade racial afeta a economia do Brasil e para dar voz aos economistas negros que propõem soluções estruturais para transformar esse cenário. Eles não apontam apenas problemas históricos, mas elaboram caminhos para aumentar a participação negra no desenvolvimento econômico.

Uma discussão central vem do Núcleo de Estudos Raciais do Insper, que divulgou um estudo mostrando que a desigualdade salarial racial faz com que trabalhadores negros deixem de receber cerca de R$ 103 bilhões por mês. Segundo o levantamento, parte dessa perda está diretamente associada ao racismo estrutural. Saiba mais no artigo do O Globo.

Do outro lado, o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) reforça a persistência da desigualdade: pesquisas indicam que negros ganham, em média, 40% menos do que não negros, e que essa diferença salarial de 32% entre negros com ensino superior permanece significativa. O Globo+1 Além disso, ao longo de toda a carreira profissional, a população negra acumula perdas muito expressivas: o Dieese estima um déficit de R$ 899 mil para negros em comparação aos não negros. No campo acadêmico, pesquisadores destacam que mesmo controlando variáveis como escolaridade, classe social e região, a raça segue determinando os rendimentos. Esse efeito, apontam os estudos, é parte do legado do racismo estrutural em nossas instituições.

Há ainda uma visão otimista com foco no crescimento nacional: especialistas do Ipea argumentam que, se a desigualdade racial fosse reduzida — com igualdade de acesso à educação, emprego e crédito — o PIB do Brasil poderia crescer até 30%. Esse tipo de proposta une justiça social com estratégia de desenvolvimento.

A participação negra no debate econômico também se faz presente por meio de líderes e economistas negros que defendem protagonismo. Um exemplo é Mario Theodoro, economista e ex-secretário executivo de políticas afirmativas, que já afirmou que “não haverá desenvolvimento justo enquanto o racismo estrutural limitar o acesso à participação econômica”. O olhar dos economistas negros sobre o futuro da economia brasileira é, portanto, tanto técnico quanto político: não se trata apenas de equiparar salários, mas de reconstruir um sistema econômico inclusivo, capaz de liberar todo o potencial produtivo do país.

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