Por Márcio Durigan.
O que esse título tem a ver com o nosso site ou ainda com a charge que utilizamos essa semana? Tudo, se olharmos isso sob a ótica crítica de como o leitor interpreta o que se publica na mídia, especialmente na internet.
Os grandes portais usam de títulos sensacionalistas, “olhos” ou retrancas [1] com duplo sentido, textos que não explicam nada. Isso porque confia na péssima interpretação de texto que tem o brasileiro médio.
A manipulação corre solta. Publicações impressas conduzem o cidadão por caminhos inexistentes, dúbios, inverídicos.
Recentemente a revista “Veja” teve de pedir desculpas ao senador Romário, por ter publicado informação absurdamente falsa sobre pretensa conta do baixinho no exterior. Em matéria própria, o periódico pediu desculpas em poucas linhas, e nos seguintes inúmeros parágrafos enalteceu a importância da própria revista.
Existe um movimento que criou uma sigla para a imprensa dita partidária, o PIG (ok, também com duplo sentido, visto que pig é “porco” em inglês), que significa Partido da Imprensa Golpista.
Não estou aqui apenas criticando a imprensa. O que me impressiona mais é a falta de discernimento do brasileiro diante de um texto, de uma notícia. Parece que temos um verdadeiro fascínio sobre um texto impresso. O que é impresso sempre é verdadeiro, incontestável, quase divino.
O Análise Econômica procura se colocar à margem de convocar o leitor para sua própria opinião. Claro que temos nossas interpretações. Claro que somos críticos. Mas em nenhum momento buscamos saídas sacripantas de indução aos nossos seguidores.
Sonho com uma população brasileira mais atenta a essas manipulações. Mais consciente na interpretação das informações que às vezes nos são lançadas como se fôssemos azêmolas adestradas.
Se o número de views desse editorial escapar muito da média registrada até aqui, isso irá consolidar a ideia de que realmente é preciso rever urgentemente nossos conceitos de filtros e interpretações.
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Notas
[1] Pequena frase usada sobre o título para apresentar o tema da matéria.
Créditos da imagem:
As charges do Vitor Teixeira estão publicadas no Facebook e também no Tumblr.