O mercado de trabalho tradicional, com suas disparidades salariais, barreiras de gênero e falta de flexibilidade, pode ser um terreno desafiador para as mulheres. Diante dessa realidade, o empreendedorismo feminino surge como uma alternativa poderosa para superar essas limitações e construir um futuro mais próspero e autônomo.
Este texto explora algumas nuances do empreendedorismo feminino, destacando seus benefícios, desafios e as estratégias que podem ser utilizadas para superá-los. Abordaremos também a importância da representatividade e do empoderamento feminino nesse contexto, reconhecendo o papel fundamental das mulheres na construção de um futuro mais justo e inclusivo para todos.
Saiba mais a seguir.
A árdua jornada da mulher no mercado de trabalho
Veja a seguir um breve resumo histórico de avanços e desafios das mulheres no mercado de trabalho.
- Século XIX: A industrialização abre portas, mas segrega funções. As mulheres, em sua maioria, ocupam cargos mal remunerados e com condições precárias, como operárias têxteis. A jornada dupla de trabalho, conciliando trabalho fora e dentro de casa, se torna uma realidade.
- Século XX: Guerras mundiais impulsionam a presença feminina no mercado, mas a igualdade ainda é distante. As conquistas, como o direito ao voto, não se traduzem em igualdade salarial ou de oportunidades. Segregação ocupacional e estereótipos persistem.
- Década de 1960: O movimento feminista ganha força e denuncia as disparidades. Lutas por igualdade de direitos e salários marcam esse período. A pílula anticoncepcional e o acesso à educação contribuem para a autonomia feminina.
- Atualidade: A participação feminina no mercado de trabalho cresce, mas as desigualdades persistem. As mulheres ocupam mais cargos de liderança, mas ainda são minoria em áreas como tecnologia e engenharia. A disparidade salarial entre gêneros se mantém, com mulheres brancas ganhando menos que homens brancos, e mulheres pretas e trans enfrentando ainda mais desafios.
Dados do mercado de trabalho brasileiro
Os dados de mercado de trabalho do IBGE mostram que, com relação aos homens brancos, as mulheres brancas ganham 77% de salário de seus pares. Mulheres pretas e mulheres trans ganham 41% e 37%, respectivamente. Já de acordo com dados Fórum Econômico Mundial (WEF), no atual ritmo de mudanças, a igualdade de gênero no mercado de trabalho levará 136 anos para ser alcançada.
A luta pela igualdade de gênero no mercado de trabalho ainda é longa. É necessário eliminar as barreiras que impedem o desenvolvimento profissional das mulheres e garantir que elas tenham as mesmas oportunidades que os homens. A sociedade como um todo, incluindo empresas, governos e indivíduos, precisa se mobilizar para construir um futuro mais justo e equitativo para todos.
Empreendedorismo feminino moldando narrativas
O mercado tradicional de trabalho, com suas disparidades salariais, barreiras de gênero e falta de flexibilidade, pode ser um terreno desafiador para as mulheres. O empreendedorismo surge como uma alternativa poderosa para superar essas limitações e construir um futuro mais próspero e autônomo. Três pontos são importantes:
- Flexibilidade e autonomia: empreender permite que as mulheres definam seus próprios horários de trabalho, conciliando vida pessoal e profissional de forma mais equilibrada. Essa flexibilidade é crucial para atender às demandas da dupla jornada, muitas vezes presente na vida das mulheres.
- Moldando narrativas: ao iniciar seus próprios negócios, as mulheres assumem o controle de suas carreiras, moldando suas próprias narrativas de sucesso. Elas podem escolher áreas de atuação que as apaixonam, explorando seus talentos e habilidades de forma criativa e inovadora.
- Criando espaços inclusivos: as mulheres empreendedoras podem contribuir para a construção de um ambiente de negócios mais inclusivo e diverso. Ao liderar empresas com valores como equidade e respeito, elas inspiram outras mulheres a seguirem seus sonhos e romperem barreiras.
E esse é um movimento que já está em curso. De acordo com dados do Sebrae, 30% dos empreendimentos no Brasil já são liderados por mulheres. Do ponto de vista internacional, o Brasil já é uma referência. De acordo com o Global Entrepreneurship Monitor (GEM), a taxa de empreendedorismo feminino no Brasil é a 7ª maior do mundo.
O empreendedorismo feminino é uma força transformadora que abre portas para a superação das desigualdades de gênero no mercado de trabalho. Ao moldar suas próprias narrativas e construir espaços inclusivos, as mulheres empreendedoras inspiram e pavimentam o caminho para um futuro mais justo e próspero para todos.
Desafios e caminhos para o empreendedorismo feminino
As mulheres empreendedoras são uma força poderosa na economia. Aoesar da relevância, ainda existem grandes desafios para que o empreendedorismo feminino avance como uma rota alternativa para as mulheres. Dentre os desafios destacamos os seguintes:
Acesso ao Financiamento:
- Dificuldades em obter crédito e investimento, especialmente para mulheres negras e indígenas.
- Exigências mais rigorosas e taxas de juros mais altas.
- Falta de conhecimento sobre opções de financiamento.
Discriminação:
- Estereótipos de gênero que limitam as oportunidades.
- Preconceito e subestimação de suas habilidades.
- Dificuldades em serem levadas a sério em ambientes de negócios.
Para enfrentar tais desafios, algumas estratégias que podem ser adotadas pelas mulheres são:
- Capacitação: buscar cursos e treinamentos em áreas como gestão de negócios, finanças e marketing.
- Mentoria e redes de apoio: conectar-se com outras mulheres empreendedoras para troca de experiências e apoio mútuo.
- Participação em programas de incentivo: buscar programas de governo e instituições privadas que oferecem suporte ao empreendedorismo feminino.
- Visibilidade: divulgar seus negócios em eventos e plataformas online, construindo uma marca forte.
Superar os desafios do empreendedorismo feminino exige esforço e resiliência. Através de capacitação, mentoria, redes de apoio e programas de incentivo, as mulheres podem construir negócios de sucesso e contribuir para uma sociedade mais justa e igualitária.
Lembre-se:
- Você não está sozinha.
- Acredite em seu potencial.
- Persista em seus sonhos.
—> Entenda mais sobre o cenário brasileiro
Mulheres empreendedoras para se inspirar
As histórias dessas mulheres demonstram a força e o impacto do empreendedorismo feminino. Elas inspiram outras mulheres a seguirem seus sonhos, desafiarem barreiras e construírem um futuro mais justo e igualitário. Veja alguns exemplos a seguir.
5 Mulheres empreendedoras inspiradoras no mundo:
1. Rosalind Franklin (1920-1958): Cientista britânica crucial para a descoberta da estrutura do DNA. Apesar de seu papel fundamental, seu trabalho não foi reconhecido inicialmente. Sua história inspira mulheres a persistirem na ciência e desafiarem o machismo.
2. Anita Roddick (1942-2007): Fundadora da The Body Shop, empresa pioneira em cosméticos naturais e éticos. Sua visão de negócios sustentáveis e engajamento social transformaram a indústria.
3. Arianna Huffington (1950- ): Fundadora do Huffington Post, plataforma de notícias online revolucionária. Sua liderança inovadora e foco em jornalismo digital influenciaram a mídia global.
4. Michelle Obama (1964- ): Ex-primeira dama dos EUA, advogada e escritora. Sua atuação em causas sociais, como educação e alimentação saudável, inspirou milhões de pessoas em todo o mundo.
5. Malala Yousafzai (1997- ): Ativista paquistanesa pelos direitos das mulheres e educação das meninas. Vencedora do Prêmio Nobel da Paz, sua luta inspira a comunidade internacional a defender a igualdade de gênero.
5 mulheres empreendedoras inspiradoras no Brasil:
1. Luiza Helena Trajano (1948- ): Presidente do Magazine Luiza, uma das maiores redes varejistas do Brasil. Sua trajetória de sucesso e compromisso com o desenvolvimento social a colocam como referência no mundo empresarial.
2. Chieko Aoki (1946- ): Fundadora da rede de hotéis Blue Tree Towers. Pioneira no turismo sustentável no Brasil, sua visão inovadora contribuiu para o crescimento do setor.
3. Beth Goulart (1961- ): Fundadora da Natura, empresa pioneira em cosméticos naturais no Brasil. Sua filosofia de negócios, baseada na sustentabilidade e no bem-estar, influenciou o mercado nacional e internacional.
4. Ana Fontes (1968- ): Fundadora da Rede Mulher Empreendedora, organização que promove o empreendedorismo feminino no Brasil. Sua iniciativa impacta milhares de mulheres, empoderando-as e impulsionando seus negócios.
5. Leila Velez (1974- ): Fundadora da Favela Holding, empresa que investe em negócios sociais em favelas do Rio de Janeiro. Sua liderança inovadora transforma a realidade de comunidades carentes, promovendo desenvolvimento social e econômico.
Mulheres economistas para se inspirar
5 economistas estrangeiras:
1. Esther Duflo (França):
- Prêmio Nobel de Economia em 2019 por pesquisas sobre pobreza e desenvolvimento.
- Estuda a efetividade de políticas públicas em áreas como educação e saúde.
- É co-fundadora do Abdul Latif Jameel Poverty Action Lab (J-PAL).
2. Janet Yellen (Estados Unidos):
- Primeira mulher a presidir o Federal Reserve (banco central dos EUA) entre 2018 e 2021.
- Reconhecida por sua atuação na crise financeira de 2008.
- Defende políticas que promovem o crescimento econômico e a estabilidade financeira.
3. Raghuram Rajan (Índia):
- Economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI) entre 2013 e 2018.
- Estudou as causas e consequências das crises financeiras.
- É um defensor da regulação do sistema financeiro global.
4. Carmen Reinhart (Estados Unidos):
- Especialista em crises financeiras e desenvolvimento econômico.
- Autora do livro “This Time is Different: Eight Centuries of Financial Folly”, que analisa crises financeiras ao longo da história.
- É crítica das políticas de austeridade implementadas em resposta à crise de 2008.
5. Mariana Mazzucato (Itália):
- Professora de Economia na University College London (UCL).
- Estuda o papel do Estado na inovação e no crescimento econômico.
- Autora do livro “The Entrepreneurial State: Debunking Public vs. Private Sector Myths”, que defende um papel mais ativo do Estado na economia.
5 economistas brasileiras:
1. Maria da Conceição Tavares (1936-2013):
- Pioneira da economia brasileira, com foco em desenvolvimento econômico e desigualdade social.
- Autora de diversos livros, como “Da substituição de importações ao desenvolvimento auto-sustentado” e “A formação da economia brasileira”.
- Foi ministra do Planejamento no governo João Goulart.
2. Laura Carvalho:
- Economista-chefe do Banco do Brasil.
- Ex-diretora da área de inflação do Banco Central do Brasil.
- Reconhecida por seus estudos sobre inflação e política monetária.
3. Ana Carla Abrão:
- Professora de Economia na Universidade de São Paulo (USP).
- Estuda temas como economia do trabalho, desigualdade e pobreza.
- Coordenadora do Centro de Estudos da Metrópole (CEM).
4. Elena Landau:
- Economista-chefe da XP Asset Management.
- Ex-diretora do Banco Central do Brasil.
- Reconhecida por seus estudos sobre macroeconomia e mercados financeiros.
5. Zélia Cardozo de Mello:
- Professora emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
- Pioneira na área de economia feminista no Brasil.
- Autora de diversos livros, como “O que é economia feminista” e “A mulher na economia brasileira”.
Importante reforçar que esta lista é apenas um exemplo, e existem muitas outras mulheres economistas importantes tanto no Brasil quanto no exterior. E a Análise Econômica pode ajudar você e sua empresa nessa jornada. Com a AE Consulting, produzimos análises macroeconômicas e setoriais, bem como cenários e projeções para ajudar sua empresa a crescer. Clique aqui e saiba mais.