Pra quem gosta de música, já deve ter notado que este título não é nosso, mas de uma música do R.E.M. – “It’s the end of the world as we know it (and I feel fine) – que foi lançada em 1987 e relançada em 1991.
Com um clima pós-apocalíptico, o clipe da música mostra uma criança brincando em uma casa abandonada em meio a uma bagunça sem fim, provavelmente para combinar com a letra extremamente desconexa.
Antes que você pense que o blog mudou o foco e deixou a economia de lado, deixe-nos mostrar a relação entre esta música e os acontecimentos deste ano e ao final veja se concorda conosco.
Quando essa música foi lançada, em 1987, o mundo passava por profundas transformações. As tecnológicas, com a popularização dos computadores domésticos, as sócio-políticas, com o desaquecimento da guerra fria e as econômicas, com a ascensão da política liberal como modelo econômico vigente, alimentadas principalmente por Margaret Thatcher (no Reino Unido) e Ronald Reagan (nos Estados Unidos). Este movimento foi acompanhado pela ascensão dos yuppies – um tipo de hipster vivendo na década de 80, só que assumidamente capitalistas e ridiculamente felizes com o status quo da época, daí o nome.
Quando a música foi relançada, em 1991, qual era o flash do retrato mundial? A guerra fria já tinha acabado, o muro de Berlim derrubado (o que reunificou as Alemanhas), a União Soviética extinguiu-se (o que botou uma pedra no sapato do comunismo e levou à independência vários países do Leste Europeu e da Europa Central), a Comunidade Econômica Europeia nasceu, bem como o Mercosul. Além disso a tecnologia estava em alta rotação, com a introdução em escala mundial da internet, o que trouxe a reboque mudanças nas formas de comunicação, interação social e redução de distâncias, consolidando marcas como Apple e Microsoft, como as principais responsáveis por estas mudanças.
Mesmo sabendo que desde o início do texto o spoiler estava explícito, lançamos a campanha para que esta música seja relançada mais uma vez no começo de 2015, pois 2014 foi um ano e tanto!! Vejamos.
Na Ásia:
– Rússia e China foram o destaque mundial O país do onisciente Vladimir Putin entrou em uma disputa com a Ucrânia pelo território da Crimeia, já devidamente incorporada à Federação Russa. Já a China, mostrou sua força e pujança, como polo industrial do mundo e carro-chefe do crescimento mundial. Uma empresa chinesa de tecnologia, a Alibaba, foi responsável pela maior oferta inicial de ações (IPO) da história: US$ 25 bilhões. Também a Xiaomi, empresa de celulares, tornou-se a terceira maior do mundo (atrás de Apple e Samsung). Mais recentemente, a Rússia entrou numa profunda crise financeira, principalmente pela queda do preço do petróleo, que está afetando muitos países, principalmente os emergentes.
No Brasil:
– Desde março de 2014, tiveram início as investigações sobre o maior escândalo de corrupção da história do Brasil: a operação “lava-jato” (ou “petrolão”, como alguns já chamam), que já comprovou inúmeras fraudes em contratos entre empresas fornecedoras da Petrobrás. Os números são alarmantes: de acordo com o Valor Econômico, quase R$ 10 bilhões foram desviados nos últimos três anos, mas de acordo com a Rede Brasil Atual, o esquema já existe pelo menos desde 1999, ou seja, há 15 anos e ainda é muito cedo para dimensionar o valor total do dano.
– Em São Paulo, foi registrada (até o momento) a situação mais alarmante da história do abastecimento: a crise hídrica. Falta de água generalizada em todo o Estado, colocando em risco o dia-a-dia das pessoas e empresas.
– Não podemos esquecer que este foi o ano da Copa do Mundo (ou da Fifa?) no Brasil (sil-sil)! E, sim, #tevecopa (apesar das manifestações contrárias, das obras atrasadas, superfaturamentos e desvios).
– O PT se consagrou no governo Federal por mais 4 anos, indo para o quarto mandato consecutivo do partido. Apesar disso, o país mostrou-se bastante dividido, pois foi uma eleição extremamente apertada, disputada voto a voto. Além disso, fortes emoções marcaram o pleito deste ano, como a morte do candidato Eduardo Campos, além dos acalorados debates entre os candidatos, recheados de baixarias.
No Oriente Médio:
– Um grupo localizado entre a Síria e o Iraque estabeleceu um califado (um território submetido a uma autoridade, quase como um Estado, mas liderado por um califa, ou seja, um líder político e religioso), chamado de Estado Islâmico. Além das mudanças geopolíticas, preocupa a violência e o poder de fogo desse grupo.
Na Argentina:
– Nossos hermanos (mais uma vez) declararam moratória (calote, no linguajar popular) e o país entrou em recessão. Os indicadores da Argentina não têm sido muito otimistas e muitos especialistas afirmam que os dados oficiais são maquiados. Esse é o segundo calote que a Argentina dá em 13 anos.
Na Europa:
– Além da crise financeira que se arrasta há alguns anos, mais especificamente no Reino Unido, aconteceu um referendo para a independência da Escócia. A disputa mexeu muito com os ânimos dos britânicos, que não foram separados dos escoceses por uma margem apertada de votos. A Escócia já faz parte do Reino Unido há mais de 300 anos, mas depois deste referendo, o R.U. aprendeu que deve repensar suas relações entre os países-membros.
Nos EUA:
– Talvez o acontecimento que mais balançou as estruturas no mundo, aconteceu recentemente, no dia 17 de dezembro: depois de 53 anos de rompimento, o presidente americano, Barack Obama, e o mandatário de Cuba, Raúl Castro, anunciaram a normalização das relações diplomáticas entre os dois países. As expectativas dos impactos políticos e econômicos já estão mexendo com muitos agentes ao redor do mundo. O Brasil, por ter estreitado relações há mais tempo com os cubanos, e ter iniciado a construção do Porto de Mariel, a 200 km da costa da Flórida, já se lança na frente e com grandes vantagens.
Eis como foi o ano de 2014, cheio de acontecimentos marcantes e já gravado na história como um ano de fortes emoções e muitos abalos políticos, sociais e econômicos. Alguns desdobramentos podem ser percebidos desde já, como o acirramento da disputa comercial entre China e Estados Unidos, principalmente no campo da tecnologia (celulares, computadores, tablets, etc.).
Para 2015, não se espera um cenário mundial muito diferente de 2014. A probabilidade é de que a ressaca na qual a maioria dos países do mundo se encontram continue. Entretanto, novas portas de abrirão com a retomada dos diálogos entre EUA e Cuba.
Com tudo isso, quem puxa o refrão?
“It’s the end of the world as we know it
(It’s time I had some time alone)
It’s the end of the world as we know it
(It’s time I had some time alone)
It’s the end of the world as we know it
(It’s time I had some time alone)
And I feel fine”
E é com esta breve retrospectiva que nos despedimos de 2014. Daremos uma pausa nas postagens pelas próximas semanas e retornaremos em meados de janeiro de 2015, com muitas novidades e com o blog de cara nova!
Boas festas e até breve!
Para saber mais:
http://www.valor.com.br/cultura/3831606/retrospectiva-2014
http://www.valor.com.br/cenarios2015
http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2014/11/perguntas-e-respostas-da-operacao-lava-jato-5545.html
Créditos das imagens (na ordem em que aparecem):
End of the world
Yuppies
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