Entre as vinte maiores economias do planeta, o Brasil é o país que mais recuou na produção industrial nos últimos meses. A queda brasileira registrada em setembro é de 4,80% na comparação com igual mês do ano passado, ao passo que a produção canadense, com crescimento de 9% em junho na comparação com o mesmo mês em 2015, é a que mais aumentou. As informações são da Análise Econômica Consultoria, em levantamento feito na quinta-feira (03/11).
Para efeito de comparação, a produção industrial do Brasil ficou atrás de países como Turquia, que apresentou aumento de 2,20%, México, com elevação de 0,31% e Indonésia, com crescimento de 7,10%. Os três estão atrás do Brasil no ranking de países por Produto Interno Bruto (PIB). Já os Estados Unidos, que lideram o ranking, apresentaram queda de 1% na produção.
De acordo com a Análise Econômica, os principais motivos do recuo na produção industrial brasileira são a falta de investimento em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), em infraestrutura (por parte do Estado) e a omissão do governo, no que diz respeito aos sinais macroeconômicos – câmbio sobrevalorizado por período muito longo –, além da taxa Selic, hoje em 14%.
“A Selic, elevada por tanto tempo, acabou trazendo efeito inverso do esperado. Incentivou investimentos no mercado financeiro em detrimento dos ativos físicos, ou seja, da produção real. Isso causa problema de oferta e ‘oligopolização’ de setores. Em parte, a política monetária contracionista, com Selic elevada, gerou descontrole inflacionário ao invés de controlar os preços”, explica o economista-chefe da Análise Econômica, André Galhardo Fernandes.
Ao reforçar a importância do levantamento, o economista diz que o indicador industrial permite uma análise mais ampla. Ressalta também o caso dos EUA, que, mesmo com crescimento do PIB nos últimos três trimestres, apresentou queda de 1% da produção industrial. “O avanço dos Estados Unidos está muito pautado no consumo. Isso, em certa medida, lança dúvidas quanto à sustentabilidade do crescimento no longo prazo”, conclui.
A consultoria destaca ainda os impactos da reestruturação produtiva, em curso desde o início da década de 1990. Segundo o diretor de estudos econômicos da empresa, Franklin Lacerda, as cadeias de produção e distribuição (cadeias de valor) têm mudado significativamente com o impacto das tecnologias e a elevação da produtividade em diversos elos.
“O Brasil, que estava enfrentando um intenso ajuste para reduzir a inflação ao longo da década de 1990, e em busca de diminuir a pobreza ao longo dos anos 2000, negligenciou em grande medida a indústria. Esse impacto está sendo sentido agora, com maior ênfase por conta da atual crise e de outras variáveis. Precisamos de um novo plano para colocar a economia nos eixos, olhando para o longo prazo e levando em conta as transformações em curso”, destaca Lacerda.
Esse texto foi publicado em outras fontes:
94 FM
Federação Nacional das Agências de Navegação Marítima
Guia Marítimo
Portogente
DCI
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