Por Weruska Goeking (de O Financista)
Um dos poucos segmentos a mostrar resultados positivos em meio a maior recessão do país desde 1931, o setor externo é “saída alternativa” para a economia brasileira, avalia André Galhardo Fernandes, sócio e diretor de estudos econômicos do setor público da Análise Econômica Consultoria.
Em março, o país registrou superávit comercial de US$ 4,4 bilhões, no maior resultado para o mês desde 1989, e acumula US$ 8,4 bilhões de superávit no primeiro trimestre do ano.
“Mesmo com a redução dos preços dos produtos básicos, dos quais o Brasil é praticamente refém, mesmo com a diminuição da intensidade da atividade econômica mundial e outros fatores que teriam de tudo para colocar uma pá de cal nessa retomada do setor externo, ele vem mostrando um bom resultado”, afirma Fernandes.
Um dos motivos para o bom desempenho do setor externo é a desvalorização cambial motivada por um conjunto de fatores, entre eles a política monetária dos Estados Unidos, a persistente fraqueza da economia na zona do euro, as crises nos mercados financeiros de países subdesenvolvidos e, principalmente o cenário político brasileiro.
Fernandes ressalva que o resultado positivo da balança comercial é influenciado pelas fortes quedas nas importações, mas o Brasil caminha para o maior superávit comercial anual da história mesmo em um contexto internacional pouco favorável. “O mundo inteiro enfrenta uma diminuição do comércio exterior”, diz.
Ainda assim, o economista afirma que é preciso olhar o “copo meio cheio” e destaca que a participação dos produtos industrializados na pauta exportadora, que caiu para patamares abaixo dos 50% em 2014, se recuperou e fechou o ano passado com 52% de participação. Os produtos manufaturados, subgrupo dos produtos industrializados, elevou sua participação de 36% em 2014 para 38% em 2015.
“O setor externo, diante do problema interno, é uma saída alternativa”, avalia Fernandes, que acredita que o fio condutor de uma eventual retomada da economia virá de fora.
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