Na semana em que o mundo pegou fogo, o atentado em Nice na França e a tentativa de golpe de Estado vivido pela Turquia, foram os pontos altos dos desdobramentos políticos e geopolíticos ao redor do mundo, indicadores positivos, ainda que incipientes, deram a tônica.
Europa, Estados Unidos, Rússia e, principalmente China, apresentaram dados que animaram o mercado (se é que é possível falar em ânimo após os acontecimentos destacados no parágrafo anterior).
De modo análogo, enquanto são ceifados diversos postos de trabalho, enquanto a inflação leva o suado dinheiro do trabalhador e o país não para de emitir títulos da dívida pública para arcar com a situação imposta pelo reajuste fiscal, nós temos notícias positivas. Sim, acredite!
Pelo menos foi isso que disseram os representantes dos partidos envolvidos na vitória do pleito pela presidência da Câmara dos Deputados.
Até mesmo o presidente interino disse que a vitória de Rodrigo Maia do DEM-RJ trará paz na relação entre executivo e legislativo.
Infelizmente a paz a qual se refere Michel Temer não é a paz que o país deseja.
Se, por um lado a diminuição da tensão entre os poderes em questão é de suma importância para a votação de projetos relevantes para o país, por outro, o que está em jogo é a resolução de problemas políticos com fim em si mesmo.
Indiretamente, isso pode trazer algum alento para o país no curto prazo (como sempre, o curto prazo se sobrepondo aos projetos de transformação permanente do Brasil).
Os acordos políticos com fim em si mesmo são como o estupro de vulneráveis. Onde, nesta analogia, os vulneráveis somos nós, população, que podemos não entender direito os desdobramentos dos bastidores políticos em nossas vidas, mas que carregaremos pra sempre a chaga da inércia da prorrogação da construção de um país ao menos mais digno para se viver.
A chaga a ser carregada será primeiro inconsciente e depois, com os resultados de tais acordos e ingerências, consciente.
Esperamos que, ainda que não seja a vontade de boa parte dos políticos (já que, como diz o senso comum, tais personagens estão mais preocupados com seus próprios ganhos), a construção de um país mais forte seja possível.
E seja possível mesmo diante de diversos remendos impostos. E mesmo sabendo que a intenção de tais acordos (que jogam os verdadeiros problemas – como temos dito sempre através de nossos relatórios – para debaixo do tapete) não são feitos no intento da construção desse país melhor, pelo qual a população tanto anseia.
Restam-nos duas coisas: mudamos esse cenário ou o aceitamos. Se a segunda é tão mais fácil que a primeira, fica a pergunta: até quando continuaremos empurrando a sujeira para debaixo do tapete?
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