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IPCA de novembro: nem tudo são flores

economia: inflação

Além do IPCA, o Brasil tem uma infinidade de indicadores de inflação e, acredite, isso é muito importante para nós.

Em outros períodos, o governo mudava o indicador oficial como se muda de roupa. Se um descontrole inflacionário vindouro tivesse suas causas no câmbio, abandonava-se o IGP-DI e partia para o IPC. Se as causas do descontrole inflacionário afetassem o IPC, migrava-se novamente aos indicadores de preços da Fundação Getúlio Vargas.

Além dessa dança das cadeiras entre indicadores oficiais e não-oficiais, o governo insistia em atribuir menos ou mais importância a alguns produtos sempre que isso se mostrava necessário para mascarar o resultado da inflação.

Apesar disso, a construção de variados indicadores, na realidade, é positiva uma vez que nos ajuda a ter uma ideia mais clara da real situação do país e do comportamento dos preços.

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Além do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que é responsável pelos dados da inflação oficial do país, nós temos diversas instituições competentes que realizam os mesmos cálculos, por produtos, por nicho, por faixa etária etc.

Essa miscelânia de indicadores nos permite avaliar algumas situações interessantes. Enquanto o indicador oficial de inflação (IPCA do IBGE) alcançou o menor nível para os meses de novembro desde a implantação do Plano Real (-0,21%), indicadores mais direcionados mostram que a situação é um pouco diferente.

O IPCA acumula alta de 4,05% nos últimos doze meses e, portanto, está quase 0,5% abaixo do centro da meta de inflação brasileira. O índice que mede a variação de preços para idosos (IPC-3i), que é divulgado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE/FGV), havia alcançado em setembro 5,15% nos mesmos termos. Em setembro, o IPCA acumulado em 12 meses era 12% menor que os preços do grupo da terceira idade.

A despeito da significativa queda da inflação mensal em novembro, observando nossos pares comparáveis da América Latina, o indicador anual da inflação no Brasil só não é maior que o verificado na Venezuela, Argentina e Uruguai.

IPCA de novembro: nem tudo são flores.

O mais preocupante, no entanto, é que apesar de o Brasil encontrar-se em uma situação benigna no que diz respeito aos preços, estamos bem próximos do centro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), mesmo tendo quase 13 milhões de desocupados e muitos setores operando com expressiva capacidade ociosa, como é o caso da indústria.

Parte significativa da queda dos preços dos últimos meses vem de itens cujas variações causam perturbações transitórias ou autocorrigíveis e que têm pouca relação com os movimentos mais permanentes de preços, a saber, os alimentos e os combustíveis.

Olhando novamente para o IPCA de novembro, o alívio nos preços de combustíveis e energia elétrica foi justamente a maior contribuição para o recuo do índice geral. Os combustíveis tiveram redução no preço especialmente influenciados pela dinâmica internacional dos preços dos barris de petróleo. Já o preço da energia elétrica teve influência das fortes chuvas nos principais reservatórios do país, de acordo com as informações do Operador Nacional do Sistema Elétrico.

O mercado espera uma inflação de 3,89% em 2018, em linha com as nossas expectativas. Aguardemos a retomada do crescimento com a cautela de saber que a inflação no Brasil é um problema pretérito, mas não morto.

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