Estamos nos Estados Unidos, no começo da década de 40. A sociedade, até então desesperançosa com o passado, parece estar finalmente vendo uma luz no fim do túnel. Se você fosse perguntar pra população o porquê dessa motivação, dificilmente eles saberiam explicar. Eles ainda estavam em guerra contra alguns países, e há bem pouco tempo eles passaram por uma crise nunca antes vista até então.
Mas o fato era que apesar das guerras, as pessoas tinham emprego e começariam a praticar algo que viria a fazer parte da rotina deles: o consumo. O mais interessante é como eles aprenderam esse caminho do crescimento, de uma forma nada agradável: a deflação. A deflação, como se imagina é o inverso da inflação, mas seus efeitos são muito mais severos do que o de sua irmãzinha malvada:
“(…) quanto mais os preços caem, menos gente compra, esperando que eles baixem mais ainda. Só que, quanto menos gente compra, mais os preços caem, porque os comerciantes precisam fazer alguma coisa para ver se alguém consome. Aí as diárias dos hotéis caem mais ainda, os pratos dos restaurantes também… Logo a maioria começa a fechar as portas.” (Versignassi, 2011, p. 202)
Por essas e outras que a depressão de 1929 não foi apenas econômica, mas também psicológica. As pessoas não tinham perspectivas, não tinham como gastar nem por sobrevivência. Até que algo novo surgiu no ar. Um plano de reestruturação econômica que faria dos EUA o principal agente regulador da economia mundial.
O livro de Keynes, na verdade é um compilado de artigos que foram elaborados ao longo de sua carreira como economista e entre seus princípios estão a defesa da criação do emprego, a manutenção da renda e o incentivo ao consumo como saídas para a crise. Todos estes devidamente regulados pelas autoridades do governo, para que esta liberdade excessiva não acabasse com o círculo virtuoso do crescimento econômico. Com base nestes pressupostos, Franklin Delano Roosevelt desenvolveu o New Deal, que foi um plano de reconstrução, baseado no emprego e no investimento em estruturas produtivas.
Perceba que a receita da dieta é o PIB, pois o governo ainda pensa no investimento, nos gastos e no saldo do que é exportado e importado, mas a dosagem excedente aqui foi o C, pois é a renda do emprego que gera o consumo. A partir de então as pessoas passaram a consumir e descobriram que eram eles, e não os produtores, que determinavam o crescimento da economia. O Consumo virou o novo queridinho da América, que fez questão de exportar essa fórmula do crescimento para o mundo. Esse “C” foi aceito, mas tão bem aceito, que eles exageraram na dose e justamente este remédio foi a causa da crise de 2008.
A ideia de fazer o dinheiro circular várias vezes permitiram excessos como o de uma mesma casa ser hipotecada até 5 vezes e o pior! Pra pessoas que não tinham condições de quitar nem uma hipoteca sequer. Daí em diante a história é bem parecida com a do crash de 29. De uma hora pra outra as pessoas não conseguiram mais quitar suas dividas com os bancos, que por sua vez tomaram suas casas, que por sua vez não tinham pra quem vendê-las, dando inicio ao que vivemos recentemente.
Essa crise gerou impactos significativos no globo e o Brasil deu um jeitinho bem interessante de sair dela. Adivinha? Ou melhor, lembre-se, pois não faz muito tempo… O incentivo ao consumo. Deu certo, só que no nosso caso não durou tanto tempo como nos EUA. Teorias existem aos montes e eu não vou estender aqui, mas de uma forma bem simplista, se você pega um empréstimo um dia você tem que pagar. Agora é a nossa vez.
Para saber Mais:
VERSIGNASSI, Alexandre. Crash: Uma breve história da economia da Grécia antiga ao século XXI. São Paulo: Leya, 2011. 318 p.
MCLEAN, Bethany; NOCERA, Joe. Todos os Demônios Estão Aqui: A história por trás da crise financeira. São Paulo: Rai, 2012. 446 p. Tradução Nivaldo Montingelli Jr. e Fernanda Castro Bulle.
Créditos de imagem:
Boca no mundo – http://bit.ly/1HL2Prt
Grande depressão – http://bit.ly/1QqvWVL
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