“Make America Great Again”
– TRUMP, Donald (2016).
Vai fazer um ano que Donald Trump entrou no salão oval da Casa Branca no dia 20 de janeiro de 2018. O slogan que marcou a campanha e vitória de Trump transmite a linha de atuação das ações econômicas propostas pelo republicano.
Com um discurso nacionalista, que tomou conta do vocabulário dos políticos nos últimos anos, Trump condiciona suas escolhas econômicas e políticas baseadas na proteção das empresas estadunidenses. Em sua lógica, agora é hora de crescer olhando para dentro.
Do ponto de vista político, a estratégia parece completamente inconcebível. Como um presidente com um discurso nacionalista/protecionista poderá enfrentar a produtividade do leste asiático? Como tentar mudar a lógica das cadeias globais de valor em um momento de tamanha transformação produtiva?
Pois bem, no papel, o plano parece mais um devaneio de Trump, mas alguns sinais já começam a aparecer.
Alguns números dos EUA na era Trump
Os gráficos abaixo mostram que em um ano houve uma desvalorização de aproximadamente 15% do Dólar em relação ao Euro. Também há um movimento de desvalorização do Dólar em relação ao Yuan chinês.
A desvalorização cambial, que torna os produtos dos Estados Unidos relativamente mais baratos, já tem mostrado alguns efeitos.
As exportações estadunidenses atingiram o maior nível da história no último dado divulgado pelo escritório de análises econômicas (nov/17). Com pouco mais de US$ 200 bilhões em exportações totais, o dado de novembro do ano passado é 8,3% superior ao montante total exportado em igual mês de 2016. No acumulado entre janeiro e novembro, o crescimento de 2017 é de 5,6% na comparação com igual período de 2016.
O aumento das exportações ainda não refletiu alguma mudança significativa na balança comercial ou no balanço de pagamentos. Como a economia dos Estados Unidos continua se expandir e até mesmo em função da desvalorização cambial recente, o montante total de importações permanece elevado. Por essa razão, não há ainda grandes mudanças nas contas externas. Mas este seria outro problema.
Ainda é muito cedo para fazer afirmar, mas o nível de utilização da capacidade instalada da indústria parece ter se fortalecido no último quadrimestre de 2017. Este movimento tende a ganhar força caso a política cambial permanece a mesma nos próximos meses.
O ponto central é: os Estados Unidos estão promovendo uma mudança significativa na política econômica externa e isso deve trazer mudanças grandes nos próximos meses. Quiçá, próximos anos.
E o Brasil com isso?
Salvo pelo recente aumento nos preços de algumas commodities exportadas, temos pouco a ganhar no intercâmbio internacional a partir de 2018. O Brasil deve realizar novo resultado comercial positivo, mas à medida que Trump mexe suas peças no tabuleiro internacional, mais inoperante ficará a política cambial brasileira.
Em outras palavras, o dólar vem perdendo força no mercado internacional. E isso deve ser mais um banho de água fria na indústria brasileira.
O governo brasileiro terá cada vez menos efetividade no controle da taxa de câmbio por aqui. Eleições, resultados primários negativos e outras mazelas nacionais devem deixar para o próximo presidente uma política monetária e cambial mais condizente com a nossa necessidade de se adaptar às novas regras do jogo.
Até lá, só nos resta acompanhar os indicadores.
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