BLOG DA AE

O impacto do dólar no seu bolso

Por Franklin Lacerda. Colaborou Márcio Durigan.

Nos últimos meses estamos sendo bombardeados diariamente com notícias sobre a valorização do dólar frente ao real. Dia após dia ele bate recordes de alta (o que desvaloriza o real). Consultamos o site do Banco Central para mostrar essa evolução nos últimos seis meses. Veja:

Evolução do Dólar (PTAX*). Fonte: Banco Central. Gráfico: equipe Análise Econômica.

* Ptax é a média calculada pelo Banco Central de todas as taxas de câmbio praticadas no mercado, colhidas em quatro janelas durante o dia junto aos dealers (agentes autorizados pelo Bacen a comercializar as moedas, como bancos, corretoras etc.),  que serve como referência para contratos e demais negociações do mercado.

Convém explicar que taxa de câmbio é um preço, no nosso caso especificamente o preço do dólar em reais. Em outras palavras, quando dizemos que o câmbio do dólar está cotado em R$ 2,83, queremos dizer que esse é o valor que precisamos ter para comprar US$ 1 (não se esqueça que o dólar americano é a moeda mais negociada na bolsa e a de maior relevância).

Elaboramos mais dois gráficos para mostrar a trajetória da inflação e da dívida pública nos últimos meses. Veja:

Evolução da inflaçaõ medida pelo IPCA. Fonte: IBGE. Elaboração própria.

 

Evolução do Estoque da Dívida Pública no ano de 2014. Fonte: Tesouro Nacional. Elaboração própria.

O primeiro gráfico apresenta a evolução do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo IBGE. O IPCA reflete o custo de vida de famílias com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos e apura os preços de produtos e serviços em nove grupos: alimentação e bebidas, artigos de residência, comunicação, despesas pessoais, educação, habitação, saúde e cuidados pessoais, transportes e vestuário. Eles são subdivididos em outros itens. Ao todo são consideradas as variações de preços de 465 subitens.

Já o segundo gráfico apresenta a evolução do estoque da dívida pública, mês a mês, em 2014. Dívida pública é similar à dívida que qualquer um de nós, pessoas comuns, contraímos. Como fazemos com um banco, por exemplo. Ao contrair esse empréstimo assinamos um contrato que garante que devolveremos esse dinheiro em algum momento, eventualmente com juros e outros encargos.

Aqui no nosso gráfico, essa dívida representa a soma de todos os títulos que o governo emitiu (certificados e títulos emitidos pelo Tesouro Nacional, “vendidos” no mercado), prometendo devolver para os bancos, empresas ou pessoas, até mesmo comprados por outros países, o montante original mais juros. Esse dinheiro captado dos agentes econômicos no mercado é utilizado para financiar o orçamento do governo (principalmente para complementar a receita dos impostos)  e realizar outras operações definidas por lei.

Vamos juntar os pontos. Primeiro nota-se que os três gráficos apresentam uma mesma trajetória de alta. Em segundo lugar, devemos ter em mente que o câmbio é um preço e, no comércio internacional, os produtos e serviços são negociados com base nele. Desse modo, produtos importados que nós consumimos ou que as empresas utilizam nos processos de produção são impactados pelo preço do câmbio.

Isso nos leva a observar que existe uma relação entre o câmbio e a inflação. Exemplo: um livro de um escritor estrangeiro é comprado no exterior a determinada taxa de câmbio. Se o câmbio se elevar, o preço do livro importado também se elevará e, assim, a inflação também apresentará alta.

No caso da dívida pública a ideia é similar. Como parte da dívida do governo é com outros países ou empresas do exterior (compondo a chamada dívida externa), esses títulos ou contratos são geralmente negociados em dólar. Assim, a variação do dólar também impacta na dívida pública. Dólar em alta, dívida pública em alta.

Feitas as devidas relações, podemos explicar o impacto da variação do dólar no seu bolso. No caso da inflação talvez seja mais simples perceber. Se eu compro um produto importado e o preço do dólar aumenta, o produto importado fica mais caro e, consequentemente, eu terei que desembolsar mais dinheiro.

No caso da dívida pública o impacto é mais sutil no curto prazo, mas pode ser grande no médio/longo prazo. Tendo em mente que a dívida pública é a dívida que o governo contrai para se financiar, se ela se tornar muito elevada e o governo apresentar dificuldades para pagá-la, a solução já é conhecida de todos nós: aumento de impostos e aumento da taxa de juros para captar mais dinheiro.

Fonte:
Taxas de Câmbio – http://bit.ly/1L46c1t
Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor – http://bit.ly/1FtEFp1
Relatório Mensal da Dívida – http://bit.ly/1tLaUYG
Entenda o que é o IPCA – http://bit.ly/1yY98mO

Créditos da imagem:
Dólar, bens e serviços – http://bit.ly/1Lbtek6
Juntando os pontos – http://bit.ly/17UdBla
Seu bolso – http://bit.ly/1Epdl7x

Se tiver alguma dúvida, crítica ou sugestão, entre em contato conosco.

Está gostando do conteúdo? Compartilhe!

Últimos posts