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O que o dinheiro não compra?

Essa pergunta parece um tanto estranha? De repente, será que não é estranho o nosso estranhamento à essa pergunta? Bem, você sabe responder o que o dinheiro não compra? Para alguns, dinheiro compra tudo. Nelson Rodrigues dizia que “o dinheiro compra até o amor verdadeiro”. Mas, será mesmo?

Um artigo de hoje (09/09) da Folha de SP relata o tráfico de órgãos: pessoas desesperadas que pagam o preço que for necessário para não morrer e, outras, que se aproveitam dessa oportunidade para “fazer negócios”. Isso me fez resgatar uma leitura feita há algum tempo de um livro chamado “O que o dinheiro não compra: os limites morais do mercado”, de Michael J. Sandel.

Esperamos conseguir fazer uma resenha deste livro em breve, mas enquanto não fazemos, Leandro da Silva Bertoncello, da Universidade de Caxias do Sul, publicou a sua resenha e trouxe a seguinte observação:

“Sandel discute que certas coisas não podem ser colocadas à venda, como a natureza, a saúde, a educação, a vida familiar e os deveres cívicos. Afinal, para decidir o que o dinheiro pode e o que não pode comprar, é necessário ter em mente que nem tudo pode ser tratado como mercadoria, ou como instrumentos de uso e de lucro. A escravidão era ultrajante porque não tratava os seres humanos de maneira adequada. Não se colocam à venda os deveres da cidadania: se alguém for convocado para participar de um júri, não poderá contratar um substituto. Os eleitores não têm o direito de vender seu voto, pois não é propriedade privada, mas sim, dever público.” 

Acho que isso responde boa parte de nossas perguntas, não é? De todo modo, vale a pena explicar algumas coisinhas. O mecanismo de mercado, consagrado pela economia, desde 1700 e bolinha, tem duas “leis”: uma que chamamos de oferta (ou seja, as pessoas ou empresas interessadas em vender um bem ou serviço) e outra chamada de demanda (que são os interessados em comprar algo). O encontro entre os interesses de quem realizar a oferta e de quem realizada a demanda, geram um preço de equilíbrio, ou seja, um valor monetário que permite que ambos realizem as trocas.

O que Sandel coloca (e nos parece verdadeiro) é que este mecanismo traz malefícios quando estendido a outras situações da vida. Já pensou se nossos pais nos mandassem a fatura por ter cuidado de nós a vida toda? Ou se você cobrasse do seu(sua) companheiro(a) por cada vez que dissesse eu te amo?

Ou seja, a vida não é norteada somente pelo mecanismo de mercado. Existem outras maneiras de realizar a nossa satisfação, que são ditadas por questões éticas, morais, cívicas, legais, etc.

Para saber mais:
Traficantes de órgãos exploram doadores e pacientes desesperados – http://bit.ly/1qSGjK1
Resenha de “O que o dinheiro não compra” – http://bit.ly/1qIRJ0r

Créditos da imagem – http://bit.ly/1MGU5Xg

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