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Uma crise se avizinha – parte 2

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Segundo os principais membros do grupo dos 20 países mais ricos (G-20), a economia internacional começa a mostrar alguns sinais de desequilíbrio. O relatório elaborado pelos membros do G-20 será divulgado na próxima reunião que acontecerá nos dias 30 de novembro e 1º de dezembro. Começam a ser ventilados dados que mostram possíveis impactos de guerra comercial empreendida pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

O que os dados nos mostram até aqui é que a economia estadunidense cresce a um ritmo forte. O nível de desemprego atingiu o menor nível desde dezembro de 1969. O núcleo da inflação (medida que procura captar a tendência dos preços, desconsiderando distúrbios resultantes de choques temporários) está abaixo da meta de inflação, que hoje está fixada em 2% ao ano.

No entanto, o bolo pode estar lindo por fora, mas alguns dados podem indicar que, por dentro, este bolo não esteja assim tão apreciável. Parte significativa do crescimento dos Estados Unidos vem dos gastos do governo, sobretudo aqueles ligados à defesa.

A taxa de inflação subjacente está sendo indiretamente impactada pela queda nos preços do petróleo e de alimentos. Em outras palavras, a inflação dos Estados Unidos pode, a qualquer momento, tomar um ritmo mais acelerado, forçando uma política mais restritiva do Federal Reserve.

Quanto ao desemprego, uma parcela bastante significativa da população encontrou uma recolocação no mercado. Entretanto, o diabo mora nos detalhes: os empregos em questão são de baixa remuneração. Essa tem sido, inclusive, uma preocupação para os últimos secretários do trabalho nos Estados Unidos.

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Tudo isso acontece com uma política externa pouco amigável conduzida por Trump como pano de fundo. Desde março de 2018, o presidente dos EUA passou a impor unilateralmente tarifas de importação a produtos originários de outros países, especialmente da China.

A premissa dessas ações é “make America great again” – fazer os Estados Unidos grande novamente. Nas palavras de Trump, “não vamos mais deixar que outros países tirem vantagem dos Estados Unidos”. E o detalhe importante é que, nos últimos meses, mesmo com a imposição das tarifas, o superávit comercial dos demais países têm aumentado em razão do aumento do consumo chinês. Atente-se: mesmo os dados comerciais dos Estados Unidos apontam para um avanço das importações.

Outro ponto fundamental foi o reajuste do imposto de renda empresarial realizado por Trump. Isso gerou um efeito significativo sobre os lucros corporativos que, de modo bastante simples, mudaram seu “CNPJ” de volta para os EUA. O “efeito cascata” dessa ação foi um resultado positivo da atividade econômica estadunidense no 2º e 3º trimestres. Em suma, os EUA se encontram em uma trajetória de alta, no entanto, a sustentabilidade deste crescimento tem sido questionada nos últimos meses.

Uma diminuição significativa do crescimento da economia estadunidense poderia atingir em cheio a economia mundial, com reflexos significativos para o Brasil – ainda mais com um governo orientado as parcerias com a potência norte-americana. Agora, além do impacto esperado pelo aumento da taxa de juros dos Estados Unidos, entra no radar também, a possibilidade de um pouso forçado da maior economia do mundo.

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